30 maio, 2009

60 Segundos


Ah, Eleanor...

Nicolas Cage é um daqueles caras ruins que passa nas noites do SBT, mas que sempre tem alguma coisa interessante pra mostrar.
A vida dele e, alguns momentos lembra “60 segundos”.
Thriller, de ação. Ritmo frenético.
Cage é Memphis, na verdade, Randal Raines, um simpático-charmoso ladrão de carros aposentado.
A identificação dele com Memphis a princípio pode soar assustadora.
Vá lá que vez ou outra, ele tenha roubado em algum jogo, ou pego coisas escondidas, ou que em algumas noites toma beijos de assalto. Mas nada tão criminoso quanto roubar carros.
O que os identifica é a proximidade (e um certo gosto) do errado, do fora-da-lei.
No caso dele, fora-da-lei do coração. Um jogo tão perigoso e traiçoeiro quanto roubar dezenas de carros em uma única noite.
Ambos acreditavam estar aposentados, sem mais tempo pra jogar seus confusos e ilegais jogos. Tinham outras prioridades.
Mas então surge o problema.

Ah, Eleanor...

Para Memphis a necessidade de voltar a roubar carros para salvar seu irmão mais novo.
No caso dele, a prisão involuntária (ou não) a um coração perigoso, mas incrivelmente sedutor.
O problema de ambos tem um nome: Eleanor.
No filme, os carros roubados são listados e cada um deles recebe um nome de mulher segundo seu modelo. Uma estranha mania de ambos de nomear o que os atrai e desperta o interesse.
O grande problema de Cage é Eleanor, um Mustang Shelby GT500. A maior paixão e maior ruína.
Por anos convive com a dor e frustração de nunca ter sua relação com sua Eleanor completa.

Eleanor é aquela vaga que você deixou passar.
É aquela menina do colégio que sempre foi apaixonada por você e era satirizada, e se tornou, hoje, a super-modelo de sucesso.
É aquela festa que você não foi, e que até hoje todos lembram como a melhor da faculdade.
É aquela final de campeonato que você deixou de assistir.
É aquele filme que você não fez.

Ele carrega consigo uma gama de frustrações e coisas inacabadas.
Amores, filmes, festas.
Mas a que mais o aflige é sua Eleanor.
Ah, Eleanor...

O amor impossível. A maior frustração. O coração perigoso e incrivelmente charmoso e sedutor.
Ele sabe que a admiração, o respeito, o querer-bem, a vontade é recíproca.
Mas assim como o personagem de Nicolas Cage, sempre há um empecilho.
Nada pode ser completo, pleno.
Há os percalços que os impedem de serem felizes para sempre.
A frustração. Um peso que teme-se carregar pra uma vida toda.
Uma vontade que não passou e não se realizou.
E deixou marcas, hora alegres, hora amargas.
Mas deixou marcas.
E ele ainda acredita. Persiste. Não desistirá de sua Eleanor, nunca!
E tentará de tudo para que ela deixe de ser uma marca no seu íntimo, uma frustração, para ser o seu happy end.
Porque ele sabe, que ainda que um feliz momento dure apenas 60 segundos, todo um esforço terá valido a pena.
Mas por enquanto, acelera no jogo perigoso, lamentando e perguntando até quando ela seguirá sendo sua Eleanor.

Ah, Eleanor...

Um comentário:

  1. aaah, Eleanor...
    por que ser tão complicada?
    deixar marcas no coração alheio...
    vazio... incerteza... vontades.
    marcas profundas, como mordidas que alcançam a alma!
    aaah, Eleanor...
    porque ser tão má e cruel, fatal e arrebatadora?
    tão sutil, doce e delicada... mas que, como soluções na dose errada, acaba se tornando veneno mortal e destruidor.
    aaah, Eleanor...
    por que?
    por que ser tão tentadora?
    por que ser tão provocadora?
    por que ser tão encantadora?

    aaah, Eleanor...
    por que?

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