13 julho, 2009

Casablanca


Sem dúvida, um dos maiores filmes da história do Cinema.

Nunca um filme pareceu tanto que fora feito para ele, ou sobre ele.
Clássico. Dentro de 9 entre 10 listas dos melhores filmes.
Talvez se ele tivesse assistido antes, não o teria marcado, identificado tanto.
Claro que seria pretensão querer comparar-se a Humphrey Bogart, dos maiores galãs do cinema (mesmo com seus 1,60m!!!).
Mas olhando bem, não há como não se ver no dono do bar mais famoso do Marrocos, com seu ar boêmio, humor ácido, lacônico...
E claro, os outros dois ícones da trama.

Se no noir de mocinhos e bandidos o passado belo atormenta o protagonista quando retorna, nos coloridos dias da vida dele, é a incerteza de um futuro improvável que lhe tira os sorrisos.
São três. Sempre três os elos que se ligam nessa trama de incertezas e diálogos memoráveis.
Se na ficção “os alemães vestiam cinza, e você azul”, na vida real “verde e rosa combinam”.
Lá: “você pode ficar comigo e se arrependerá, talvez não hoje ou amanhã, mas um dia, então, e pra sempre”. Aqui: “você já ajuda outra pessoa”.
Paris no triângulo amoroso de Rick e Ilsa é algo bom, do passado, a se lembrar com sorriso no rosto.
Para ele, é algo sombrio, cinzento, do futuro, que trará infelicidade, sempre.
Rick é a única pessoa que pode fazer algo para mudar a situação sem saída que estão.
Ele vê que agora, também só ele pode mudar as coisas.

Mas a pergunta que se faz é uma só: qual será o fim da história?

Rick não tinha outra alternativa senão abrir mão de seu amor em prol de um amor maior de outras pessoas.
Ele sabe que também deve fazê-lo. Mas teria forças? Seria tão nobre e superior quanto o mocinho anti-herói?
E a cada vez que assiste o filme torce por mudanças que sabe serem impossíveis. Rick poderia ficar com Ilsa, partirem num trem, ou serem felizes em Casablanca.
Mas cada vez mais se depara com a crua realidade. Não se pode mudar o fim de uma das mais belas tramas de romance já projetadas. Nem a realidade. E então deve seguir o que seu Roteirista lhe indica fazer.
Ele só espera ter forças, para se necessário, também deixá-la partir no final, em seu gesto mais nobre, na certeza de uma coisa: para eles não haverá Paris.


Mas até então, “eu estou de olho em você, garota!”.

30 maio, 2009

60 Segundos


Ah, Eleanor...

Nicolas Cage é um daqueles caras ruins que passa nas noites do SBT, mas que sempre tem alguma coisa interessante pra mostrar.
A vida dele e, alguns momentos lembra “60 segundos”.
Thriller, de ação. Ritmo frenético.
Cage é Memphis, na verdade, Randal Raines, um simpático-charmoso ladrão de carros aposentado.
A identificação dele com Memphis a princípio pode soar assustadora.
Vá lá que vez ou outra, ele tenha roubado em algum jogo, ou pego coisas escondidas, ou que em algumas noites toma beijos de assalto. Mas nada tão criminoso quanto roubar carros.
O que os identifica é a proximidade (e um certo gosto) do errado, do fora-da-lei.
No caso dele, fora-da-lei do coração. Um jogo tão perigoso e traiçoeiro quanto roubar dezenas de carros em uma única noite.
Ambos acreditavam estar aposentados, sem mais tempo pra jogar seus confusos e ilegais jogos. Tinham outras prioridades.
Mas então surge o problema.

Ah, Eleanor...

Para Memphis a necessidade de voltar a roubar carros para salvar seu irmão mais novo.
No caso dele, a prisão involuntária (ou não) a um coração perigoso, mas incrivelmente sedutor.
O problema de ambos tem um nome: Eleanor.
No filme, os carros roubados são listados e cada um deles recebe um nome de mulher segundo seu modelo. Uma estranha mania de ambos de nomear o que os atrai e desperta o interesse.
O grande problema de Cage é Eleanor, um Mustang Shelby GT500. A maior paixão e maior ruína.
Por anos convive com a dor e frustração de nunca ter sua relação com sua Eleanor completa.

Eleanor é aquela vaga que você deixou passar.
É aquela menina do colégio que sempre foi apaixonada por você e era satirizada, e se tornou, hoje, a super-modelo de sucesso.
É aquela festa que você não foi, e que até hoje todos lembram como a melhor da faculdade.
É aquela final de campeonato que você deixou de assistir.
É aquele filme que você não fez.

Ele carrega consigo uma gama de frustrações e coisas inacabadas.
Amores, filmes, festas.
Mas a que mais o aflige é sua Eleanor.
Ah, Eleanor...

O amor impossível. A maior frustração. O coração perigoso e incrivelmente charmoso e sedutor.
Ele sabe que a admiração, o respeito, o querer-bem, a vontade é recíproca.
Mas assim como o personagem de Nicolas Cage, sempre há um empecilho.
Nada pode ser completo, pleno.
Há os percalços que os impedem de serem felizes para sempre.
A frustração. Um peso que teme-se carregar pra uma vida toda.
Uma vontade que não passou e não se realizou.
E deixou marcas, hora alegres, hora amargas.
Mas deixou marcas.
E ele ainda acredita. Persiste. Não desistirá de sua Eleanor, nunca!
E tentará de tudo para que ela deixe de ser uma marca no seu íntimo, uma frustração, para ser o seu happy end.
Porque ele sabe, que ainda que um feliz momento dure apenas 60 segundos, todo um esforço terá valido a pena.
Mas por enquanto, acelera no jogo perigoso, lamentando e perguntando até quando ela seguirá sendo sua Eleanor.

Ah, Eleanor...

16 maio, 2009

A Vida é Bela


Um excelente título otimista.
Uma bela história de amor.
Não um amor comum, homem e mulher, mas sim um amor maior (talvez o maior de todos pra um homem), o amor entre um pai e um filho.
Roteiro trágico. Difícil. Cheio de percalços. Situações extremas. Dificuldades. Um só sentimento pra enfrentar tudo.
Já tá no título, é um filme que fala da vida.
Da vida de Guido? Sim.
Mas da dele também.
Felizmente, não há guerra, não há campo de concentração. Nem Dora.
Mas há dificuldades, problemas, receios, medos.
Infantis, mas ainda sim, medos.
O amor de pai por um filho, na vida dele, não é pelo seu filho. Mas pelo filho de outro, que de tão próximo a ele, poderia ser seu.
Em sua vida, a mesma missão de Guido:
Afugentar os temores do pequeno coração.
Divertir para fugir à realidade nem sempre colorida e bela.
Distrair as inquietações.

Ensinar que a vida é bela.

Mas também ele aprende com o pequeno.
Aprende a sorrir seu mais natural e espontâneo sorriso.
Aprende que sentir dores para evitar as dores dos outros é nobre, é gratificante.
Aprende o clichê de que amor não escolhe sexo, idade.
Ainda que não fale, ou que o garoto seja pequeno demais pra entender.
Ainda que o garoto possa não saber o que venha a ser o amor.
Eles se amam.
Um amor quase de pai.
Um amor quase de irmão.
Um amor quase de amigo.
Um amor quase de familiar.
Um amor diferente.
Porque ele sabe que só na presença do pequeno, sorri com sua melhor cara de bobo, orgulhoso.
Sabe que fazer o pequeno feliz, o faz muito feliz.
Exercita ali seu amor de pai, que um dia usará.
Mas pra sempre guardará registrado no coração aquele amor, de pai, de irmão, de amigo, de familiar, diferente.
Um amor que o faz enfrentar os problemas e dá força aos dois pra seguir acreditando, que por mais que o Roteirista espalhe anti-sujeitos e percalços narrativos...

A Vida é Bela.

20 abril, 2009

Três Homens em Conflito


Na tradução original seria “O Bom, o Mau e o Feio”.
Sem juízo de valores, tratemos pelo título brasileiro.

Ele não viu o filme.
Nem precisa.
Sabe que é o western que faz com que três caubóis, aparentemente rivais, se encontrem na busca de um tesouro.
Como todo bom caubói de filme, eles não são tão bons assim.
Nenhum deles está disposto a dividir o tesouro no final.
Na vida sempre fílmica dele, ele vê esses três homens.
Tal qual na obra de Leone, cada um com suas virtudes, vantagens e desvantagens.
Não correm atrás do baú de ouro.
Pelejam mais pelo pote de sorrisos que ela os oferece ao final do dia.

Um deles, está na frente.
Tem a chave que abre as portas do caminho para o coração da moça.
Goza de sua simpatia, sua admiração.
Sua presença sempre constante.
O que lhe dá uma fé.
Torna-o quase certo da vitória.
Mas eis que como qualquer história, há o conflito.
E ele surge.
Tal como um furacão.
Sacode.
Abala.
Incomoda.
De um jeito torto e despretensioso, se aproxima.
Ele também quer o tesouro.
Mas sabe que nada pode fazer contra a força do outro.
O Destino também parece enfrentá-lo.
Nem sequer chegou a entrar direito na vida deles.
Está em desvantagem.
Como Roteirista às vezes parece um cara sem mãe, eis que ele coloca o último elemento da história em ação.
Um homem misterioso.
Vindo direto de um trem do passado.
Para acabar de vez com o sossego.
E abalar ainda mais a situação.
Porque ele consegue mexer com os outros dois.
Preocupá-los.
Transformou o seguro quase-imortal em mais um.
Fez o furacão não se achar mais que uma brisa leve, e como toda brisa, passageira.

São agora três homens em conflito.
Três adversários em busca de um mesmo prêmio.
Três mocinhos com um lugar cativo no coração da mocinha.
Três aflitos nessa insana história.
No fundo, não sabem que o mais aflito dos corações naqueles tempos, era o indeciso coração dela.
Que queria bem aos três.
Mas naquele instante se via incapaz de decidir.

Ela não viu o filme, assim como ele.
Mas todos sabem que no final, o Roteirista fará a cabecinha dela decidir pra quem vai o merecido prêmio de melhor ator.
Sem possibilidades de final alternativo.


(Em tempo: como é pra fazer propaganda também, essa história bem poderia ser o recém-finalizado curta “Sobre Heróis e Cigarros”)

17 abril, 2009

O Poderoso Chefão


Não poderia começar diferente. Tinha que ser com uma obra-prima.
Porque sua vida é sim um thriller de ação, romance e suspense.
Seus dias mais parecem mesmo saídos da película do Coppola.
Não que tenham gângsteres espalhados por aí ao seu redor, ou que ele tenha qualquer ligação com a Máfia.
Mas é porque nesse dias, tem acreditado muito no determinismo das coisas.
Tal qual Michael Corleone, sabe que chega um ponto em que não se é mais possível retornar.
Só há um caminho a seguir. Ambos estão conscientes disso e partilham da sensação de que não tem volta, não se pode mudar.
Com a diferença de que na história real, é o protagonista que se vê cercado de ajuda, de boas-almas, embora nunca siga seus valiosos conselhos.
Assim como o clã dos Corleone, ele também tem laços fortes com a família, vê ali seu alicerce, seu porto seguro, apesar da distância.
Tal qual Michael, sua a felicidade completa só se dá devido à presença de sua Kay.
Partilham segredos, sonhos, sentimentos.
São companheiros, se complementam, se ajudam, se gostam.
E aquela presença o faz mais feliz, mais seguro de si, mais companheiro.
Oculta o seu lado Don, que insiste em se mostrar, incomodar, afligir.
E no seu duelo interno quase diário entre Don Corleone e Michael, é o mais belo lado que triunfa ao menor sorriso de sua Kay, seu abraço, seu sorriso.
Mas tal qual no filme, na sua vida são necessários Plot Points, tramas, acontecimentos.
Porque sua Kay não era sua.
Não poderia ser.
Ele entendia.
Aceitava.
Acreditava.
Tentava um mundo novo.
Mas invariavelmente, sempre caía nos abraços dela, e na ilusão de um mundo que em sua mente sonhadora, sempre via, vislumbrava.
E à medida que Michael torna-se um transgressor da lei, ele torna-se um transgressor das coisas que deveriam ser certas.
Age contra o modo como deveria agir, egoísta.
É quase o mafioso a desafiar o estado natural das coisas e remar contra a corrente, em vão.
No fundo, ele sabe que é em vão, mas crê.E sabe também que há um ponto onde não se pode mais voltar.
Ou se fica parado ou se segue.
Michael faz a sua escolha.
Ele continua em dúvida.
Em comum, a aflição interna, a dualidade, os momentos de felicidade.
Apesar dessa ilusão de livre-arbítrio, assim como os personagens de um roteiro qualquer, há Alguém que escreve a história, que comanda as ações dos personagens, seus caminhos.
E se numa metáfora perfeita do filme, no cartaz há a mão do Padrinho comandando a todos pela marionete, seus passos também são dirigidos por um Artista, que os move à sua vontade.
Só pede para que, por favor, Mario Puzo, aí em cima, sentado ao lado, tão perto do Roteirista, dê uns conselhos para as próximas cenas, com menos suspense e mais ação.
Sugira que se passe logo pelo Plot Point e siga à resolução da história.
Ainda que o final da Kay dele seja o mesmo da de sua história.

Pré-Estreia

Aqui pretendo deixar registrado histórias, sentimentos, acontecimentos, situações, que poderiam fazer parte da história de qualquer personagem cinematográfico.
De um modo pouco convencional e desprovido de enormes capacidades e pretensões literárias, cada história é uma associação a um filme.

Assita.
Leia.
Divirta-se.
Emocione-se.
Chore.
Assuste-se.
Comente.
Critique.
Analise.
Resenhe.
Afinal, essa é a magia do cinema.
Um ambiente que tentará ser transposto a essas histórias.

Apagam-se as luzes.
Terminam os traillers.
Começa a projeção.
Pegue o balde de pipoca, que a sessão começa.

13 abril, 2009

boas vindas!

~ boas vindas!
acho que você merece um espaço pra armazenar idéias e palavras. mesmo que soltas.
você merece e terá.
aprenderá aos poucos a se acostumar com isso.
e vai adorar!!!
breve, ouvirei você comentar que escreveu, fazer propagandas e tudo o mais. e dizer que viciou em escrever e não consegue mais passar um dia sequer sem rabiscar qualquer coisinha pra postar.
veja como diário, veja como rascunho, veja como divulgação... veja como quiser.
mas use!
aproveite. usufrua. desfrute. use e abuse da sua imaginação.
seja feliz exercitando a sua criatividade.
não se prenda a estereótipos nem a fórmulas e nem a padrões.
escreva o que quiser como e quando quiser.
e seja você. sempre!
boas vindas e boa festa!
porque você vai amar escrever aqui.
:D

saudações, querido amigo.

beeeijo